quinta-feira, 25 de novembro de 2010

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E IMPACTO URBANO

Em meados do Século XVIII, o planeta passa por uma transformação determinante para todo o sistema produtivo de então, que vislumbraria mudanças até hoje: Era a Revolução Industrial.
No mundo de então, o que determinava a riqueza era a milenar agricultura e o comércio em crescimento. O artesanato, fortalecido no renascimento, dá lugar a uma extensa e complexa cadeia produtiva. O artesão que antes possuía em mãos toda a rede de produção, todas as etapas, passa agora a encarregar-se de somente alguma destas. Forma-se a linha de produção gera-se emprego.
É nesse ambiente de crescimento de empregos, que uma decisiva nova ordem se impõe. As indústrias passam a ocupar o cenário urbano, e estes passam a ser atrativos para os pobres camponeses. A migração campo – cidade incha as cidades industriais, provoca desigualdade, miséria e pobreza.
A revolução industrial foi a responsável pela profunda modificação e evolução sofrida pelas cidades em tempos modernos. Esta, porém, não influenciou apenas nas indústrias, mas em um todo, como na agricultura, na comunicação, nos transportes, no urbanismo e nas próprias ideias da época.
Com um fenômeno gerado pela necessidade da dinâmica do capitalismo de formar uma aldeia que permita maiores mercados é ao contrario desse cenário globalizado que se enxerga na Revolução Industrial.
A cidade industrial representa uma nova fase a cidade medieval. Esta, com suas ruas estreitas e tortuosas, e suas precárias condições de higiene, não tem estrutura alguma para resistir a indústria e os problemas que vem com ela.
A cidade estreita já não abriga mais a burguesia, que ao ver as condições de vida declinando, abandonam os centros antigos das cidades industriais e partem para novos bairros e subúrbios.
Neste cenário fica evidente que um aspecto muito importante no crescimento de uma cidade foi totalmente ignorado, ou seja, o planejamento urbano que é um processo de desenvolvimento de processos urbanos que buscam melhorar e revitalizar uma melhor qualidade de vida aos seus habitantes.
Com o núcleo urbano tomado pela burguesia, compete a periferia então a abrigar uma massa de pessoas em condições insalubres. Hoje em dia vivemos nessa realidade, onde os imigrantes nordestinos por exemplos se deslocam para metrópoles em busca de uma vida melhor, muitas sem expectativas e oportunidades se deslocam para os subúrbios das grandes cidades formando assim grandes favelas e problemas urbanísticos referentes ao nenhum planejamento urbano realizado ali.
Outro aspecto ignorado na época é a paisagem urbana, onde é um conceito que exprime a arte e tornar coerente e organizado, visualmente, o emaranhado de edifícios, ruas e espaços que constituem o ambiente urbano, sendo que as fábricas acabaram dominando o espaço urbano. Instalavam-se em pontos mais convenientes a elas, de acordo com suas necessidades de acesso a fontes de energia e matérias-primas, sem se importar se estavam ocupando o lugar de belas paisagens naturais.
Aconteceu o mesmo com as estações de caminhos de ferro. Tudo foi estabelecido sem qualquer plano orgânico, seguindo a lei do mínimo esforço, pois se considerava que tudo o que facilitasse a promoção industrial era em si mesmo bom para o bem-estar e progresso das nações. Mas tarde se viria a compreender como era errada uma implantação baseada numa visão simples e de curto alcance. A violenta apropriação do espaço levada a cabo pela indústria constituiu uma verdadeira catástrofe para a estrutura urbana, quando, afinal passada poucos anos já não representava qualquer vantagem para essa mesma indústria.
Fator também importante na localização dos centros fabris era o fornecimento de mão-de-obra, considerada praticamente uma “mercadoria” na época. Com o objetivo de baratear o preço dos produtos, normalmente os salários eram extremamente baixos. As quantidades de trabalhadores acabavam sendo mais importante do que uma boa organização da produção. Logo, as indústrias buscavam se instalar nas proximidades de grandes aglomerados populacionais. Isso aumentou a procura pelas cidades antigas (grandes capitais), ricas em “excedente populacional miserável”.
Ao mesmo tempo em que as fabricas e todos os seus estabelecimentos anexos ganham destaque na cidade industrial, os chamados bairros operários, são construídos em virtudes da necessidade de albergar a mão-de-obra. Ao principio estes bairro operários, a que os anglo-saxões chamam slums (por vezes traduzido ao português do Brasil como favela), desenvolveram com condições de vida verdadeiramente ínfimas. São uma das marcas que tiram a beleza da cidade industrial, uma pagina autenticamente sinistra nos anais da habitação do homem, um constante pesadelo para os filantropos e reformadores sociais.
Em bairros onde as condições de vida eram cruéis e onde a concentração operária atingia proporções elevadas, era lógico que o conflito social fermentasse.


Douglas Pereira

3 comentários: